A nova autoestima na psicologia - Epopéia

Você já ouviu falar da nova autoestima na psicologia? Não?! Então prepare-se para ter o seu mundo abalado e descobrir como construir a verdadeira autoestima de forma sustentável e duradoura.

 

A velha autoestima não é tão legal assim…

O termos Autoestima, foi ‘googlado’ mais de 336 mil vezes só no mês de janeiro aqui no Brasil (fonte: ubersuggest). E não precisa pesquisar muito fundo para descobrir o quanto as pessoas desejam desesperadamente ter mais autoestima em suas vidas.  Faça uma visita em qualquer livraria para ver a quantidade de títulos de autoajuda que prometem a elevar a sua autoestima de diferentes formas.

De fato, ela é muito importante para termos saúde mental equilibrada, contudo, as mais recentes pesquisas feitas por Kristin Neff (doutora em psicologia) revelam que que o alta autoestima, pode ser o estopim para problemas de saúde mental.

Acontece que, para eu me sentir bom e alguma coisa, obrigatoriamente tenho que estar acima da média em relação aos outros. Chamar alguém de mediano é quase ofensivo. Agora, o que acontece quando todos precisam estar acima da média?  Buscamos autoafirmação, fazemos comparações e para que possamos nos sentir superiores, alguém obrigatoriamente tem que que ser inferior a mim. Faz sentido?

 

Autoestima tóxica?

Nesse contexto, estudos conduzidos nos últimos 25 anos nas universidades mostrou um nível altíssimo de personalidades narcisistas.  Temos uma verdadeira epidemia de comportamentos narcisistas disfarçados e autoconfiança, amor-próprio e autoestima elevada.

Sendo assim, quando nos sentimos bem em relação a nós mesmos, é porque nos consideramos melhores do que os outros em alguma instância.  Esta é razão pela qual temos tantos casos de bullying nas escolas hoje em dia entre crianças e adolescentes.  Há uma tentativa de se autoafirmar, de se sentir mais forte e superior parda fortalecer uma “suposta” autoestima.

Além disso, quando eu acredito que meu grupo é melhor, minha religião é melhor, meu jeito de fazer é melhor; alimento pensamentos de preconceito e a intolerância em relação aos outros. Tudo em nome do movimento “pró autoestima”.

E não para por aí: o que acontece quando falhamos? Nos sentimos fracassados, perdedores e incapazes. Para as mulheres isso é ainda mais cruel, pois a autoestima é atrelada ao quão somos atraentes e desejadas fisicamente. Ainda que os padrões sejam tão elevados, a ponto de ser quase impossível para uma mulher se sentir acima da média.

E a pergunta que não quer calar, existe um caminho para nos sentirmos bem conosco mesmo sem precisar ficar depreciando os outros? A resposta é sim! Vamos descobrir a nova autoestima na psicologia?

 

A nova autoestima na psicologia

A nova autoestima na psicologia, tem a proposta de trazer bem-estar emocional sem precisar diminuir ninguém e vem representada por um conceito revolucionário chamado autocompaixão.

Ora, a autocompaixão não tem por objetivo construir uma imagem elevada de nós mesmos, mas sim, de ensinar a nos relacionar de maneira mais gentil conosco mesmos. De abraçarmos nossa natureza humana de contrastes, defeitos e paixões.

Talvez o nome não desperte tanta a atenção e desejo das pessoas, contudo, ao experenciar a autocompaixão você vai descobrir o quanto era infeliz tentando atingir o velho modelo de autoestima.  Ao contrário, você vai se sentir mais leve, livre e se aceitando do jeitinho que você é, sem crítica ou julgamentos. Parece bom?  Então vem comigo que agora vou apresentar os 3 pilares para você construir a “nova autoestima” em sua vida.

 

 

Passo 1: AUTO-GENTILEZA

O primeiro pilar é o da AUTO-GENTILEZA, significa nos tratarmos de forma menos julgadora e crítica. Falar com a gente mesmo, como se falássemos com uma pessoa muito querida, de forma encorajadora, bondosa, compreensiva, paciente e gentil.

Veja, se pararmos para refletir sobre a maneira como nós nos tratamos quando as coisas dão errado… somos excessivamente duros, julgadores e cruéis em nossas falas internas. Além disso, usamos uma linguagem ácida e dizemos coisas, que nós jamais diríamos para alguém que gostamos e nos tornamos nossos maiores algozes.

Ao contrário desta atitude, a autocompaixão nos convida a acolher nossa dor e nos tratarmos com a mesma doçura e paciência com que tratamos pessoas amadas por nós.

 

 

Passo 2: HUMANIZAÇÃO

O segundo pilar é a HUMANIZAÇÃO.  Enquanto a autoestima pergunta “no que eu sou diferente todo mundo”, a autocompaixão pergunta “O que eu tenho em comum e igual a todo mundo?”.

E você sabe o que nos torna HUMANOS? A imperfeição! Todos nós, sem exceção, não importam o status, cor, classe, gênero… nós seres humanos somos I-M-P-E-R-F-E-I-T-O-S. A vida é imperfeita!

Isso significa que, quando as coisas saírem errado e você começar a se julgar dizendo: “Eu não deveria ter errado” “Como sou incompetente” “Não consigo fazer nada direito”; essa atitude colocará você numa situação de isolamento e de solidão.  É como se você estivesse quebrado e não merecesse pertencer ao grupo porque falhou; e este isolamento vai aumentar cada vez mais o nível de angústia.

Ora, o mais interessante disso tudo, é que é justamente a nossa imperfeição que nos conecta com as outras pessoas.

 

 

 

Passo 3: ATENÇÃO PLENA

O terceiro e último pilar da autocompaixão é a ATENÇÃO PLENA. Significa estar no momento presente, reconhecer, validar nossos sentimentos e aceitar o fato de que estamos sofrendo.

Usualmente, não nos permitimos admitir nosso sofrimento. Damos ouvidos àquela voz interna que nos critica dizendo: “Que vergonha, você errou. Por que não se esforçou mais?”.  Assim, somos impedidos de sermos mais compassivos com nossa humanidade e nossas falhas.

E talvez você esteja se perguntando “Mas porque fazemos isso?”.  Bem, a resposta é uma só: porque nós achamos que se não formos duros e críticos conosco mesmos, não nos motivaremos para fazer as coisas.  É como se, o fato de sermos compassivo, nos tornasse preguiçosos, e acomodados; desistindo do que é preciso fazer porque não teremos motivação suficiente.

Mas será que essa crença é verdadeira?  Muito pelo contrário! A autocrítica MATA nossa motivação e nos coloca numa zona de INSEGURANÇA. Ela ativa nosso sistema de autopreservação, estimula o cérebro a produzir cortisol e adrenalina, como se houvesse uma ameaça às nossa vidas.  E ao invés de atacar o PROBLEMA, nós atacamos a NÓS MESMOS.

A longo prazo, esse cenário nos leva ao ESTRESSE CRÍTICO e o corpo vai encontrar um jeito de “desligar” esse ataque. É o momento em que caímos na depressão, nos sentimos sem energia pra nada.

Mas, a boa notícia, é que nós podemos neutralizar essas reações estimulando a produção de oxitocina e endorfina no cérebro. Fazemos isso ao acessar sensações que sentíamos quando éramos bebês: aconchego, acolhimento, calor e colo de mãe.

Então, crie o hábito de falar com você suavemente: “respire fundo”, “estou com você”, “esse fato não define seu valor, “vamos passar por isso juntos “eu te cuido”, “eu te amo”. Ao agirmos assim, estimulamos nosso cérebro a produzir hormônios do bem-estar e acionamos gatilhos de segurança e conforto que é a chave para a motivação e o sucesso. Praticamente uma autoterapia!

 

Autocompaixão: a chave da saúde mental

Acredite, a autocompaixão é o melhor antidepressivo, o melhor antiansiolítico que você pode se dar no lugar do criticismo. Sabe por quê?

Porque esta prática substituirá a culpa por autorresponsabilidade.  Substituirá a ruminação de pensamentos negativos de culpa e julgamento, por ideias de como fazer diferente, ampliando sua visão e suas escolhas. Esse sim é o verdadeiro caminho para elevar seu bem-estar emocional.

Diferente da autoestima, a autocompaixão não leva você a um lugar de comparação, de narcisismo, ou da necessidade de ter um ego enorme para se defender. Ela aproxima você das pessoas e melhora seus relacionamentos; já que os padrões inatingíveis são substituídos por humanidade.

Com a autocompaixão é permitido errar, sentir e ficar triste pois somos humanos. E ao nos permitirmos sentir, fica fácil de elaborar as emoções e buscar por alternativas.

E por favor! Não confunda autocompaixão com vitimismo, autoindulgência ou egoísmo.  Autocompaixão, é sobre abrir seu coração para você, acolher, criar espaços para sentir como você faria com uma pessoa querida.  Quanto mais amor você se der, mais amor você terá para doar, afinal, ninguém dá aquilo que não tem. 😉

 

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